23 de novembro de 2015

AGRESSOR ENGANADOR

Como a ilusão ainda é um fardo e uma realidade que eu carrego até hoje. Hoje em dia acho engraçado essas promessas feitas, essas falas bonitas do eterno. Antigamente eu não compreendia a destruição psicológica e emocional que uma pessoa poderia fazer em outra, pois bem, cá estou eu destruído por outro tendo que aguentar meu agressor, que sempre volta, falar que o chamaram de herói de que ele arrumou alguém que o entende, que compreende o que ele passa, aguentando todo o romance que ele vive com ele dizendo que me ama, que vai se estabilizar pra ficarmos juntos e mais um monte de falácias do tipo. Se isso, dormir com outro, conviver como casal, viajar juntos, terem momentos românticos, se isso pra você é se estabilizar, você vai me desculpar mas prefiro que fique "estável" por ai mesmo, e peça pra ele vir falar comigo posso dar algumas dicas de como dormir com uma faca debaixo do colchão, dormir sempre alerta, se alimentar periodicamente, por em teste a comida que você faz, entre outras dicas de "Como Sobreviver ao Holocausto que a Vida se Torna Depois que Você Entra Nela"

17 de novembro de 2015

A TRAGÉDIA DO ROMANCE

Vamos por partes, do começo onde é tudo flores ao fim onde só se sente o obscuro do verdadeiro ser. O conheci em uma festa e eu "namorava" na época mas acabei ficando com ele, não foi só um beijo foi algo mais intenso, esse tipo de coisa que te faz tremer por alguns dias. Nos encontramos novamente diversas vezes, até que eu terminei tudo que eu tinha e pedi ele em namoro. No inicio foi lindo meus amigos aceitavam, o relacionamento fluía, tudo corria muito bem, olhando pra trás hoje eu crio hipóteses mas não consigo identificar onde tudo começou a sair dos trilhos. Aos poucos ele foi me afastando dos meus amigos, brigando, deixando um clima bem pesado com as pessoas com que eu me relacionava. Me mudei da casa onde morava, ficamos morando juntos praticamente, mas a vida seguia seu rumo. Decidimos ir em um festival de música em São Paulo que foi onde os problemas começaram (ao meu ver), antes de entrar no avião ele brigou comigo e ficou a viagem toda de cara amarrada. Eu me lembro que passamos por cima da cidade onde eu nasci, cresci e que meus pais ainda moravam, minha vontade aquela hora era pular da aeronave e cair no colo da minha mãe, no colo de pessoas que eu sabia que fariam de tudo para não me machucar. Chegamos finalmente em São Paulo, e quem já andou em qualquer transporte para viagens longas (avião, ônibus, trem) sabe a loucura que é descer daquilo, no inicio da viagem ele ficou do meu lado mas no meio ele se tornou mais ríspido e chato (mimado, furioso, querendo atenção, orgulhoso) e se mudou pra poltrona da amiga, fiquei sozinho, levantei pra sair da aeronave e praticamente fui arrastado pra fora, fiquei esperando lá fora e ele desceu, passou direto por mim e foi embora, corri atrás dele e ele ficou gritando pra quem quisesse escutar pra eu me afastar, pra não conversar com ele, fiz o que ele pediu e não conversei até chegarmos no hostel. Chegamos no hostel, 12 pessoas por quarto, fomos para a varanda e ele não quis sentar do meu lado, mal conversou comigo, e quando deitamos recebi uma sms dizendo como eu era um bosta, um inferior, que ele era um otário por ainda ser meu namorado, disse que tudo bem então que eu iria embora porque eu não era obrigado a ficar ali escutando aquilo e nem ele era obrigado a ficar comigo inferior a ele. Seguiu como se nada tivesse acontecido, como se não tivesse me xingado (mal sabia eu que os xingamentos seriam a melhor parte) fomos para o show, encontramos um casal de amigas minhas que eu não via a muito muito tempo, no primeiro dia foi tranquilo mas na volta, escutei o mesmo da noite anterior e minha vontade de sair correndo daquilo e voltar pra casa só aumentava. Segundo dia, ele gritou comigo na entrada, ficou combinado de encontrarmos as meninas em determinado local, mas ele queria seguir pro rumo do palco pedi várias vezes para esperarmos mas nem me deu ouvidos, esperei as meninas enquanto via ele se misturar na multidão, elas chegaram e lá foi eu procurar ele naquele tumultuo, no que me aproximei ele começou a gritar e me empurrar gritando e gritando pra eu sair de perto e se enfiando no meio do povo, fui atrás pedindo calma, ele começou a chorar, abracei e o consolei. O pai dele já estava mal, com dores de cabeça ferrenhas, e no meio do segundo dia de festival ele faleceu. Foi horrível pra mim e imagino pra ele, sempre fui acusado de não sentir o que ele sentiu, de não ter aquela dor, mas eu absorvi tudo, cada gota do sofrimento dele eu carreguei pra mim, eu tentei ajudar a carregar esse fardo que eu sabia que era extremamente pesado. Voltamos pro interior do MT, com uma sensação de dormência, foi assim na chegada, no velório e até o dia que a mãe dele foi pro interior de SP. Ai sim queridos, foi aqui que comecei a sofrer realmente, que eu conheci o que era a violência doméstica. Estava voltando do trabalho e começamos a brigar e no meio da discussão ele me deu um super tapa na cara, na hora eu me afastei e ele veio correndo falando que não adiantava eu fugir, chegamos em casa ele começou a chorar falando que me bateu, que foi uma coisa extrema e que nunca mais faria isso, me pediu perdão de várias maneiras, nesse dia eu realmente o perdoei de coração. Nos intervalos das agressões a gente fumava bastante maconha e tentava levar uma vida social com a família e amigos dele. Acabei emagrecendo muito (me serviu pra algo pelo menos rs), eu já não comia e nem sentia fome eu só sentia medo, passava noites sem dormir com medo de acordar com ele tentando me matar. Um dia eu acordei cedo e fui pra cozinha usar a internet, ele passou por mim foi no tanque, abriu a porta e foi embora, fiquei lá sem entender, senti um cheiro forte de plástico queimado quando vi ele tinha colocado fogo no meu travesseiros, na minha coberta, nas fotos da minha amiga, da minha mãe tava tudo ali, minha vida pegando fogo, apaguei e fui atrás dele, cheguei na casa da mãe dele bati no portão, ele ignorou, bati novamente e abriu, fiquei la na varanda conversando e do nada ele arremessou uma cadeira de balanço pra cima de mim. Enquanto tentava tirar o tênis pra entrar na casa, ele me empurrou enquanto batia na minha cabeça e gritava pra andar de pressa que ele queria passar, se trancou no quarto tomou os remédios para a depressão - sim, ele é diagnosticado com depressão - fiquei ali esperando ele se acalmar, ele melhorou e fomos pra casa. Os dias seguintes foram resumidos em ameaça e sujeira, ele ja tinha quebrado alguns copos e pratos da minha casa, mas esse dia ele esperou eu limpar a casa para fumar e jogar bituca de cigarro pela casa inteira, dizendo que não adiantava eu limpar que ele iria sujar e falou o dia inteiro pra ficar esperto que o próximo a pegar fogo seria eu, a partir desse dia eu comecei a dormir com uma faca em baixo do colchão, na verdade eu nem dormia mais, acordava com qualquer barulho. Ele melhorou um pouco nos outros dias, mas em outra briga ele me prensou na parede com um braço enquanto me batia com o outro, e enquanto tentava me defender eu chorava pra ele parar de me bater, ele apenas me jogou de lado e foi fumar maconha e cigarro no fundo da casa. Tinha o costume de pegar a bike do pai dele pra trabalhar, só que nesse dia ela estava estragada e ele me emprestou a dele, aceitei tranquilo achando que ele tinha me emprestado de coração ou por vontade, voltei do trabalho e recebi uma mensagem dele dizendo que eu era um bosta, uma bichinha, uma putinha, um viado vadiazinha, mas até ai eu estava acostumado já, escutava isso todos os dias, foi quando ele começou a ameaçar de me espancar e como um ótimo submisso que era fiquei implorando mais uma vez pra não fazer isso. Nesse mesmo dia recebi uma ligação da minha vó dizendo que minha mãe estava pior que tava internada, nessa hora eu olhei bem pra minha vida e vi a merda que eu tava enfiado sofrendo, me dedicando, sangrando por alguém que só me batia e humilhava enquanto quem realmente se importava comigo e não me fez nenhum mal a vida toda, estava sofrendo internada em um hospital, tomei MINHA DECISÃO, MINHA ESCOLHA (não fui vitima do destino) e fui cuidar da minha mãe, tudo foi muito doloroso é claro, a separação nunca é boa. Cheguei em casa e tudo se encontrava um caos, minha família toda desconfigurada, minha mãe tadinha estava só o osso, sem forças pra levantar direito da cama, foi muito e muito sofrido cuidar dela até ela se recuperar, e meu namoro não ajudou em nada, enquanto eu estava carregando minha mãe no colo, ele me enviou uma sms me ameaçando de morte, dizendo que iria destruir toda a minha família, que viria aqui só pra me ver sofrer. Mas antes de vir, eu estava me esquecendo, ele me dizia diariamente que eu merecia ver minha mãe definhar, ver ela sofrer até a morte porque eu fui o causador da doença dela. Retomando, ele ameaçou a mim e toda a minha família, decidi terminar e por um fim naquilo eu não aguentava mais estava esgotado, preferia morrer do que ter ele me batendo outra vez, ele chorou e implorou pra não prosseguir com aquilo, mas eu estava no limite não conseguia seguir em frente mais. O tempo passou, e voltamos a conversar e a coisa até que acontecia bem, mas um dia ele sumiu e quando fui ver ele estava na argentina, coloquei ele na parede e fiquei sabendo que estava praticamente namorando um outro menino enquanto dizia que ainda me amava que iriamos ficar juntos. Me disse várias vezes que só estava com ele por falta de opção, que não encontrou coisa melhor, que só estava com ele por medo de enlouquecer, pra tapar um buraco que ele mesmo causou. E hoje estamos assim, sem conversas e ele preso em um relacionamento, que segundo ele foi sem escolha e sem sentimento, dizendo ainda que me ama da mesma maneira, não sei se acredito e nem tenho no que me basear para acreditar, mas se for me amar da maneira doentia e sádica que ria enquanto me batia eu espero de coração que guarde esse amor só pra ele.

7 de novembro de 2015

SOBRE UM PEDAÇO DA INFÂNCIA

Como qualquer história, essa começa com um pouco de esperança e até vitimismo. Eu tive uma infância normal, fui uma criança qualquer brincando na praça ou no clube, essas que hoje em dia passam por você desapercebidas, cheias de medos e falta de autoconfiança, mas existem detalhes e situações que nos diferenciam e tornam quem somos. Meu pai sempre foi ausente não me lembro dele em nenhuma formatura, festa ou comemoração que me envolvesse, mas as lembranças dele me batendo são as mais fortes. Ele viajava bastante por causa do trabalho, o que possibilitou e ajudou suas "escapadas". Sempre fui gay, desde pequeno eu tinha um sentimento que era incapaz de compreender, passei por tudo sozinho a compreensão, a aceitação e a coragem de ver quem eu era. A aceitação foi a parte mais difícil eu perdia noites me batendo, noites em claro lutando com aquela vontade, porque eu fui ensinado a não ser assim e mesmo não me encaixando nos "padrões" eu queria ser hetero, eu queria dar orgulho a minha família e não a vergonha de ser o "viadinho" que eu era, sabia muito bem o que enfrentaria na rua e em casa, sabia das agressões verbais e físicas que sofreria e isso me apavorava, me assustava de uma maneira absurda, foi nessa época que começou a autoflagelação, pois eu sentia na dor a dormência dos meus problemas ridicularizados. Certa vez quando era bem novo (8-9 anos), eu estava em um clube com minha família e eu precisava ir ao banheiro trocar de roupa, e sempre tive esse receio com meu corpo aversão a esse pedaço de carne e gordura, e fui já com vergonha e medo de quem estaria lá, cheguei e vi que estava lotado aquilo, sem box para trocar de roupa, voltei correndo tentando explicar a situação, meu pai me pegou pelo braço me arrastou de volta ao banheiro, dizendo que eu parecia um viadinho e me fez trocar de roupa na frente de todo mundo, não adiantou implorar e muito menos chorar. Depois de um tempo parei de chorar, toda vez que ele me batia ele falava que não era pra chorar e só parava de bater quando eu ficava em total silêncio. Fui tocando a minha vida até que com 17 anos eu sai de casa pra estudar e ao mesmo tempo que foi libertador eu senti uma dor horrível encarando a vida de frente.

24 de março de 2015

Necessário como um enfeite de quinta

Não sei o que deu em mim, mas me sinto pregado numa tristeza tão profunda . Sabe essas descrições bem clichês pra infelicidade ? Uma dessas se encaixaria perfeitamente na minha vida, eu sei que vem de mim, de um vazio que não se completa, um vazio que eu não entendo que eu só consigo sentir e por isso tenho consciência de sua existência. Vou chamá-lo de coisa, talvez um dia eu dê um nome de verdade pra ele já que faz questão de se tornar tão presente na minha vida quase se personificando. O coisa tem crescido ultimamente, tenho quase certeza que é devido a alguns acontecimentos, algumas decepções, ando não esperando muita coisa das pessoas, porque  antigamente eu era mais "inocente", eu tinha esperança nas coisas eu criava a utopia de que tudo iria mudar ou melhorar, porque eu sempre dei o que eu pude, sempre me cortei aos pedaços pelos outros e o que eu sempre esperei foi esse retorno, e isso sempre foi minha baleia branca, minha Atlântida. Um vez eu achei que tinha encontrado meu prêmio, mas a vida ou as circunstâncias, defina como quiser, fizeram minha felicidade se voltar contra mim. Hoje em dia sou isso, mais um com uma falha, uma buraco, uma loca no meio do ser, me tornei um caçador sem presa, um arqueólogo sem história, sinto que apenas existo sem nenhum sentido sem nenhum norte pra seguir.

22 de março de 2015

RETORNO

Depois de quase 5 anos fazendo merda atrás de merda, resolvi reativar isso aqui, não conseguia aguentar o mar de escolhas tortas e consequências dessas escolhas sozinho, de alguma forma precisava desabafar e aqui foi o meio mais eficaz e barato - rs- que encontrei. Espero conseguir tirar um pouco desse peso das costas quando começar a escrever sobre. Por enquanto é só.